O vizinho se enforcou enquanto eu desenhava um coração no leite derramado, uíhs, como é irritante o barulho do portão de todos — Tenho óleo spray. O problema de se preocupar com os mortos é basicamente o de não se preocupar com os vivos. Não houve tempo de nos conhecermos? Eu não diria — Pobrezinho, tem câncer na garganta, mas eu não sei onde estarei aos quarenta. Dentro dos muros fortes, somos todos moribundos zanzantes. Ela gritou pelo irmão, mas teria gritado igualmente por uma barata, por uns trocados.
sábado, 30 de agosto de 2014
sexta-feira, 15 de agosto de 2014
Entre linhas
no horizonte
um sinal de fumaça,
porcos estão sendo castrados
porcos estão sendo castrados
o urubu se desenrola
da linha de pipa,
um outdoor em branco,
um helicóptero pousa
sobre os meus pulsos,
não há mensagens para mim,
na rodovia os caminhões
vem e vão e nenhum
deles me trazem rosas,
não há decodificações
para minha tristeza
quinta-feira, 14 de agosto de 2014
Caro Darwin...
Quantas vezes o mesmo pássaro é capaz de cair no mesmo alçapão antes de poder evoluir? Por que a fruta mais doce fica no topo da árvore sempre? Por que as pessoas só escolhem buxinhos e cicas ao invés de amores-perfeitos? Diga se as minhocas não são mais inteligentes do que nós... E se os amores-perfeitos dariam mais trabalho aos capturados de olhos furados. Digo que minha tartaruga não conseguiria se desvirar, mas tentaria até a morte; mas não cairia virada sem a mão amaldiçoadora do homem, que tudo quer testar, manusear, deixar de cabeça pra baixo.
domingo, 10 de agosto de 2014
Será o Benedito?
Abre pra mim teus lábios de coco
Ilustríssimo homem feito de neve
Você que chega como o algodão tocando o chão
Que tens os cabelos de plumas extintas
Quão macio é se aninhar em você?
Mostre pra mim teus dentes de amêndoas confeitadas
Daquelas que não mordemos pra não se acabar...
Eu colheria tua biografia, como maçãs;
Nela exaltaria sua sutil e enigmática beleza,
A você que merece ser cortejado apenas;
Pelos rouxinóis dos confins e
Pela torre de Paris;
Minhas estúpidas palavras a quem será?
O Benedito!
Ilustríssimo homem feito de neve
Você que chega como o algodão tocando o chão
Que tens os cabelos de plumas extintas
Quão macio é se aninhar em você?
Mostre pra mim teus dentes de amêndoas confeitadas
Daquelas que não mordemos pra não se acabar...
Eu colheria tua biografia, como maçãs;
Nela exaltaria sua sutil e enigmática beleza,
A você que merece ser cortejado apenas;
Pelos rouxinóis dos confins e
Pela torre de Paris;
Minhas estúpidas palavras a quem será?
O Benedito!
quinta-feira, 7 de agosto de 2014
Poesia de sogra
Eu não quero ser notada; eu não
mereço ser mal vista, as vistas grossas de quem pensa que chora por um motivo e
é por outro, entenda que temos uma vida juntos agora, com coisas a se resolver
a todo tempo, entenda que passaremos mais tempo com nosso cachorro que viverá
oito anos do que com vocês que viverão mais vinte, pais. A galinha não pode
alimentar o frango criado, nem a rola não deixar a rolinha voar. Joga teu filho
de um precipício; que vos garanto, tem asas fortes. Devo avisar ainda; ele não
cabe mais em tua barriga, não nos enforque com umbilical.
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