Os dias são outonos: choram...choram... Há crisântemos roxos que descoram... Há murmúrios dolentes de segredos... Invoco o nosso sonho! Estendo os braços! E ele é, o meu amor, pelos espaços, Fumo leve que foge entre os meus dedos!

-Florbela Espanca-

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Ao bendito impregno a graxa



Eu não posso mentir...
Os meus olhos são estopas de graxa
Que não podem mentir
Eu te sujo com minha graxa
Pudera lubrificar teu caos
Maldito


terça-feira, 10 de março de 2015

Ao vejante



O que se quer ver,
Veja!
Veja o que se quer ver!
Mas seja
Capaz de alvejar.

Do corpo fechado das letras que mostravam demais




Li o corpo fala,
E o meu ficou mudo,
Nunca mais pus o cabelo
Atrás das orelhas,
Cruzo as pernas raramente,
Só depois de me certificar que
Meus pés não apontarão pra ninguém,
Tantas vezes queria cruzar os braços
E desfaço esse embaraço,
De semiótica
Ditadurista
Olhar pra cima querendo atravessar o muro?
Nem pensar!
É olho cabisbaixo, ou reto-duro.

sábado, 7 de março de 2015

A retardada pulsante



Eu já estava lá fazendo blues com nossa briga,
Você queria mais briga, você queria me deixar,
Mas não dizia claramente que queria...
Eu não sabia se te ajudava ou se corria,
Tudo formando uma coreografia muda,
Sem que mudasse coisa alguma.
Derrubei na mesa de sinuca o vinho barato,
E antes que as baratas viessem, você não sabe...
Lá estive a chorar no feltro manchado.
Garçom, Vodca alveja o coração?

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Das paixões

As minhas paixões
são contidas,
esmigalhadas,
os pássaros vêm,
comem-nas,
cagam-nas
cabeças de turistas
depois morrem,
intoxicados
em alto-mar...


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Vivificação



Todos em seus whatsapps...
Onde estão aqueles ouvindo what's up?
Que copulariam no telhado,
Que me prenderiam ao cinturão de Órion...
Onde se escondem malditos?
Vocês mountain bikers,
Sem mulheres em seus canos,
Do que andam fugindo?

Todos vocês, homens ambiciosos,
Que me deixavam pra depois,
Ocupados demais com seus egos,
Mas que ironia, serão mais conhecidos por mim?
E só sei pra que lado seus paus eram tortos...
Quão grandes eram seus medos,
Como costumavam se drogar
Pra não ter que encarar a realidade,
Pra não ter que correr risco algum.

Sopro no coração



Corro contra o tempo
me reinvento
não vai dar tempo!
não é tudo!
mas sem sou nada?

Cigarra da noite
de minha insônia
novelo de feno
de minha solidão
que não passa...