Os dias são outonos: choram...choram... Há crisântemos roxos que descoram... Há murmúrios dolentes de segredos... Invoco o nosso sonho! Estendo os braços! E ele é, o meu amor, pelos espaços, Fumo leve que foge entre os meus dedos!

-Florbela Espanca-

domingo, 26 de janeiro de 2014

Neandertal

Hoje eu poderia me apaixonar por qualquer um
Me apaixonei por qualquer um uma vida toda
Eles passavam e me torturavam, simples...
Mais dias, menos dias tudo seria consumado.
Durmo ao lado do cachorro Mendigo que me apaixonei,
Pobre Digo de orelhas feridas, naquele dia escorraçado.
Ao lado do telefone que me apaixonei,
Mas precisa ficar desligado.
Ao lado do relógio que me apaixonei,
E não mais me ilude que algum tempo existiu...
Amor é desperdício de sensação, é mesmo pros retardados,
É um magoar-se barbaramente, e eu iria pra Irlanda...
E consigo? Abandonar-te pra perder-me, pra que?
Pra um outro bárbaro achar-me?
Há de me haver mágoa por aqui,
Beberrões frios por aqui...
Vocês! Malditos homens barbas-ruivas.
Até que eu os desencante.






segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Amarula

Eu me sinto um elefante agora,
O carro que teria tombado me obedeceu,
Teríamos nos machucado?
Eu estava com o volante
Eu deveria estar com o volante?
Eu acreditei, e descobri ter um coração tão forte
Tão bravo coração, tão duro e calejado.
Foi como nos dias em que se bebe Amarula...
E só aquilo importava o sabor doce entrando,
O momento presente, e o que se faz com ele,
Pois disse o professor, cada um tem seu vício!
Dai-me tua mão adrenalina.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Aversão

Eu que venho desfrutando de hipócritas, fofoqueiros e loucos...
Que carma devo?
Porque quando se é indiferente, logo taxam
— deve ser depressiva,
Quando se é amigo, logo comentam
— é interesse,
Se aguenta tudo por longas horas, a ansiedade é que destrói,
Minhas orelhas pegam fogo meu amor,
Eu sou o próprio demônio de orelhas-chamas.
Se eu prefiro ficar em casa estudando, deixe-me.
A física há de me explicar algum dia
O universo dentro do meu universo.
Por hoje, ela me joga mangas verdes...
Por amanhã, peço a um Deus que escorregue nas podres.