Os dias são outonos: choram...choram... Há crisântemos roxos que descoram... Há murmúrios dolentes de segredos... Invoco o nosso sonho! Estendo os braços! E ele é, o meu amor, pelos espaços, Fumo leve que foge entre os meus dedos!

-Florbela Espanca-

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Carta de separação



Aqui estamos nós, rasgando contratos de tempo, porque ele não pode existir, porque nossas estrelas já estão mortas, porque a fé é inspiradora e agonizante, apenas não quero que o encanto se perca, deixo-o intacto como o encontrei, quem sabe pra quando se lembrar, não vou me perguntar uma vez mais porque precisava terminar, porque a dor é revestida de carne, porque os abutres não quiseram me comer, tanto veneno e ódio.  Não vou mais me perguntar por que precisava dizer o que disse, mas as coisas que costumam começar erradas têm a sua lógica própria, e será tão difícil o atrevimento em beijar outra boca... Posso dizer, muito mais difícil que uma traição.
Desculpa se pensei que você fosse perfeito, já era pra ter me acostumado com o mundo errado tal como é, se é assim, devo ser tão míope, porque nunca havia lhe julgado defeito. Não, eu ainda quero viver em contos de fadas, não naqueles que fingem não existir sangue.  Exceções não haverão de existir em tão pouco tempo, que corro ao encontro de uma, ou me escondo num casulo onde nunca ei de me transformar. 
O ano que vem vou me lembrar de como carnavais são tristes, mas também de como as janelas são bonitas abertas, de como nossas mentes são poderosas, de como nossas mentes são cruéis, de como os medos são sanguessugas, e o quanto a confiança é uma raiz. Amanhã acordarei com os olhos inchados, sedentos de coisas puras, talvez verdes, e vou pensar até onde minha sorte e impulsividades queriam que eu chegasse.
Meu coração, meu bem, é feito de pedra lascada e de tão golpeado tende a ser tão cortante... E eu, que nunca quis lhe fazer mal algum, peço que pegue seus braços e fique na distância confortável de um amor que não tem razão de ter começos, meios e fins.
23/03/11

Carta de amor



Se às vezes pensei sobre você e eu; é tempo meu amor, de lhe dar a corrente; é tempo de impregnar com a tinta impressa pela esferográfica desta caneta todo este papel com o meu ser, de tal forma que ter este pedaço amarelado de tempo e memória será ter um pouco de mim; chega de fugir da verdadeira ilusão suprema, que é o sofrer e a dor; A dor está casada da carne afinal! Uma não é sem a outra.
A carne tão intimamente ligada à vida, que poderíamos nem as conseguir separar; A luz tão dentro da sombra, que ambas são ardentes amantes.
A espada tão nutrida pelo sangue de quem a impunha e de quem é imolado por ela!
O sangue tão avelado pelo fato de aparecer aos mortais olhos através do corte doloroso!
Estou mais dentro de ti do que eu supunha. Eu sou você e você sou eu; da maneira mais complexa possível. Da mesma forma que a dor está aparentada da carne, da luz para com a sombra, da dualidade nossa surgem todas as nossas crenças, nossas crenças constituem a realidade, a realidade confiada na carne, na matéria, na dor, no conflito, no medo, no ódio.
Amo-te por fim profundamente. De forma que necessito de ti, sois minha âncora neste turbulento mar, o sol de meu sistema solar.
Contigo não terei medo da dor, nem do sofrimento, nem de me ver refletido em você.
Posso olhar o abismo, pois existe finalmente algo que faz sentido em meu ser.
Você dá sentido a minha vida, me prova que não estou só.
Perdoa-me a fraqueza, mas ela é sinônimo de confiança e de intimidade, mas tende paciência consigo também filha de Deus! Pois sou homem, e a mãe do homem é o medo, sois a esposa do homem, sois o amor.  


Carta (Well para mim) – Jan/2011 
Em abril ele não me amava mais.
 

domingo, 22 de junho de 2014

Discórdias artísticas


Essas dores de orgulho ferido, como são terríveis, este cheiro insuportável de discórdia, me faz claramente enxergar porque sua vizinha de esquina ama mais cachorros do que seres humanos. Acordei precisando vomitar; lavando merda de pombos do ombro de são Francisco. Enfie a minha florzinha brotando do asfalto no seu rabo, e que ela cresça, que o trem lhe parta! Que grafitem teus olhos demônio, que o ranchinho lhe mostre o pinto quando você morrer. Da vida, só sei que tenho objeções de viver...

domingo, 15 de junho de 2014

O Cientista



   O que quis da vida se não que você quebrasse o meu pescoço, assim de repente... Chorasse sobre o meu corpo lágrimas dum crocodilo tortuoso. Quis que você pisasse no calo que eu não tenho, e eu gritaria de dor tão fortemente, que você constrangido; arrumar ia-me um momento. Quis que a pomba gira te fizesse dançar pra mim. Quis que você fosse o bobo por um momento, mas você continuou sendo o cientista que nada sabia das coisas bobas do amor. Eu continuei dando amor a quem houvera de merecer, e nada entendi das coisas bombas da ciência.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Poesia de felicidade

Eu estou feliz,
Não me venha você de cabelo arranjado, azeda,
Me dizer como me portar,
Porque eu, com o meu emaranhado
Consigo o que sempre quis.
Se você não amar olhos remelados,
É porque os seus sãos, não merecem amor,
Não se acha digna de amor?
Pegando toda essa desordem mental
E transformando em ordem material
Eu não preciso parecer ser;
Eu sou,
Feliz.

domingo, 1 de junho de 2014

Casamento

— Por que você dorme de calça jeans?
— Por que você dorme de pijama?
— Por que você amassa o papel higiênico?
— Por que você dobra o papel higiênico?
— Por que você dorme como faraó em sarcófago?
— Por que você dorme como cachorro atropelado?