Aqui estamos
nós, rasgando contratos de tempo, porque ele não pode existir, porque nossas
estrelas já estão mortas, porque a fé é inspiradora e agonizante, apenas não
quero que o encanto se perca, deixo-o intacto como o encontrei, quem sabe pra
quando se lembrar, não vou me perguntar uma vez mais porque precisava terminar,
porque a dor é revestida de carne, porque os abutres não quiseram me comer,
tanto veneno e ódio. Não vou mais me
perguntar por que precisava dizer o que disse, mas as coisas que costumam
começar erradas têm a sua lógica própria, e será tão difícil o atrevimento em
beijar outra boca... Posso dizer, muito mais difícil que uma traição.
Desculpa se
pensei que você fosse perfeito, já era pra ter me acostumado com o mundo errado
tal como é, se é assim, devo ser tão míope, porque nunca havia lhe julgado defeito.
Não, eu ainda quero viver em contos de fadas, não naqueles que fingem não
existir sangue. Exceções não haverão de
existir em tão pouco tempo, que corro ao encontro de uma, ou me escondo num
casulo onde nunca ei de me transformar.
O ano que vem
vou me lembrar de como carnavais são tristes, mas também de como as janelas são
bonitas abertas, de como nossas mentes são poderosas, de como nossas mentes são
cruéis, de como os medos são sanguessugas, e o quanto a confiança é uma raiz. Amanhã
acordarei com os olhos inchados, sedentos de coisas puras, talvez verdes, e vou
pensar até onde minha sorte e impulsividades queriam que eu chegasse.
Meu coração, meu
bem, é feito de pedra lascada e de tão golpeado tende a ser tão cortante... E
eu, que nunca quis lhe fazer mal algum, peço que pegue seus braços e fique na
distância confortável de um amor que não tem razão de ter começos, meios e
fins.
23/03/11