Eu
sempre estou à beira da morte por tédio!
O
asfalto encardido, o menino no sol empinando a pipa
O
catecismo, o sermão e a missa
A
igreja de arquitetura indefinida, fratricida e raquítica
Estou
à beira do tédio!
Tédio
abismo
Profundo
como o oceano
Vertiginoso feito chapéu mexicano
Tédio
do carro plotado descolado
Com
som distorcido e assoalho rachado
Da
grama semeada e o mato tomado
Do
capim vagabundo coçando
Do
uniforme fluorescente de “não me atropele”
Da
varejeira fluorescente que nada repele
Das
vagas
Do
lume do vaga-lume voando
Que
raciona energia e vai se apagando
Do
policial com seu óculos aviador
Escondendo
olhos de rapina e pavor
Todos
são tão previsíveis!
Eu
poderia escrever exatamente como são...
Sinto
tédio por toda gente
Do
pedreiro que aquece a marmita na boca
E
umedece a farinha na saliva
Do
padeiro que nos dá de beber seu suor
E
de comer pão francês, broas, moscas assadas...
Da
prostituta negociando seu sexo
Brindando
os mais simpáticos com sua língua
Sinto
tédio por toda gente, minha gente...
O
problema, bem provavelmente esteja em mim.
São
excessos encalacrados em minha mente
Empurrando
pra dentro do mais profundo tédio
Assim
como eles também morro à míngua
Abraçado
às conveniências... Carente das coisas recém-nascidas.
(Jefferson Geraldo de Moura e Enia Celan)
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