Os dias são outonos: choram...choram... Há crisântemos roxos que descoram... Há murmúrios dolentes de segredos... Invoco o nosso sonho! Estendo os braços! E ele é, o meu amor, pelos espaços, Fumo leve que foge entre os meus dedos!

-Florbela Espanca-

sábado, 22 de novembro de 2014

Baboseira em flor

Havia uma cortina maligna ali, um portal obscuro, primeiro entrei com as mãos, depois arrastei os pés, não sabia bem porque precisava retornar, mas precisava, cada canto daquele lugar... Em queda livre, mas agora devia ser pra enfrentar os meus medos, era como visitar a casa dum feiticeiro que perdeu a magia. As paredes  ainda queriam me engolir, mas eram tão mais velhas, rachadas e sujas.
O abandono mora ali, não importa quanto tempo passe, sei que o abandono mora ali. Um certo demônio desenhado a carvão pelo chão não me impediu de dar um último passo aos fundos — Vamos para o meu escritório! Quase pude ouvir. Caro Well, se te fiz algum mal, explique-me porque aquela babosa em flor foi a coisa mais bela que ali vi.  

0 comentários :

Postar um comentário