Os dias são outonos: choram...choram... Há crisântemos roxos que descoram... Há murmúrios dolentes de segredos... Invoco o nosso sonho! Estendo os braços! E ele é, o meu amor, pelos espaços, Fumo leve que foge entre os meus dedos!

-Florbela Espanca-

domingo, 12 de outubro de 2014

Sobre a qualidade do hipócrita



A você velho estranho, daria todo meu desprezo,
Sente-se, aguarde uma barrica de lágrimas antigas;
Espere-a deslizar pra dentro da boca, deve ser degustada com precisão.
Pode ser uma velha-amarga amadeirada, ou uma velha-agridoce aguada,
Na melhor das hipóteses... É, põe na boca só aquilo que lhe der vontade,
E teus palavrões serão como bênçãos...
Aquele que fez o que quis, pode chegar no final da vida feito hipócrita,
Mas ainda assim poder dizer que viveu feliz,
E o gemido será tão colado na língua,
Quanto o néctar dos frades engana na embalagem.

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