Os dias são outonos: choram...choram... Há crisântemos roxos que descoram... Há murmúrios dolentes de segredos... Invoco o nosso sonho! Estendo os braços! E ele é, o meu amor, pelos espaços, Fumo leve que foge entre os meus dedos!

-Florbela Espanca-

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Carta de amor



Se às vezes pensei sobre você e eu; é tempo meu amor, de lhe dar a corrente; é tempo de impregnar com a tinta impressa pela esferográfica desta caneta todo este papel com o meu ser, de tal forma que ter este pedaço amarelado de tempo e memória será ter um pouco de mim; chega de fugir da verdadeira ilusão suprema, que é o sofrer e a dor; A dor está casada da carne afinal! Uma não é sem a outra.
A carne tão intimamente ligada à vida, que poderíamos nem as conseguir separar; A luz tão dentro da sombra, que ambas são ardentes amantes.
A espada tão nutrida pelo sangue de quem a impunha e de quem é imolado por ela!
O sangue tão avelado pelo fato de aparecer aos mortais olhos através do corte doloroso!
Estou mais dentro de ti do que eu supunha. Eu sou você e você sou eu; da maneira mais complexa possível. Da mesma forma que a dor está aparentada da carne, da luz para com a sombra, da dualidade nossa surgem todas as nossas crenças, nossas crenças constituem a realidade, a realidade confiada na carne, na matéria, na dor, no conflito, no medo, no ódio.
Amo-te por fim profundamente. De forma que necessito de ti, sois minha âncora neste turbulento mar, o sol de meu sistema solar.
Contigo não terei medo da dor, nem do sofrimento, nem de me ver refletido em você.
Posso olhar o abismo, pois existe finalmente algo que faz sentido em meu ser.
Você dá sentido a minha vida, me prova que não estou só.
Perdoa-me a fraqueza, mas ela é sinônimo de confiança e de intimidade, mas tende paciência consigo também filha de Deus! Pois sou homem, e a mãe do homem é o medo, sois a esposa do homem, sois o amor.  


Carta (Well para mim) – Jan/2011 
Em abril ele não me amava mais.
 

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