Os dias são outonos: choram...choram... Há crisântemos roxos que descoram... Há murmúrios dolentes de segredos... Invoco o nosso sonho! Estendo os braços! E ele é, o meu amor, pelos espaços, Fumo leve que foge entre os meus dedos!

-Florbela Espanca-

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Coração de caçamba

Ferrugem que arruína minha vida,
Latão abandonado em terreiro
Quebradiço que tenta resistir...
O que espera que aconteça ?
Que a jardineira venha lhe salvar?
És ácido demais, se entrega...

O passado ruiu poroso, tac tac...
Consegui quebrar mais uma parte,
Que pensam vocês ferrugens?
Podem ser irreversíveis e belas?
Tétano espreitando à escuridão,
O que pensa que vai conseguir?

Então lhe borrifaram veneno;
Enquanto a caçamba não chegava,
Meu coração não te recolhe mais não!
Se tornou sujo demais pra entrar,
Como um bêbado caído; espere,
Mas, eu nunca te chamarei de novo.



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