Os dias são outonos: choram...choram... Há crisântemos roxos que descoram... Há murmúrios dolentes de segredos... Invoco o nosso sonho! Estendo os braços! E ele é, o meu amor, pelos espaços, Fumo leve que foge entre os meus dedos!

-Florbela Espanca-

terça-feira, 4 de março de 2014

Alma vaga

Minha carcaça está tão leve,
E se alguma ventania cor-de-rosa me pegar?
E se eu parar no flexível galho do penhasco,
Você corre por mim? Se desespera por mim?
Me colhe feito flor quase cadáver?
Nós trabalhamos como se deve
Com a mente, a carcaça e o coração
O que nos poderia faltar?
Talvez alguns pontos brix num dia
Umas cinzas de pizzaria no outro,
Umas cascas de ovos da padaria...
Mas em nós, o que poderia faltar?
O que apodreceria um amor verdadeiro?
Temos um reino com um vinhedo,
Na paisagem mais linda,
O que poderia faltar?
Realizei quase todos os meus sonhos,
E eu só tenho vinte e cinco...
E quase ninguém que conheci,
Acreditou num certo segredo...
Então eu cuido de cada detalhe,
Daquilo que escolho querer,
Pois acontece!
Não importa o peso da carcaça,
O vento fica inteligente.








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