Os dias são outonos: choram...choram... Há crisântemos roxos que descoram... Há murmúrios dolentes de segredos... Invoco o nosso sonho! Estendo os braços! E ele é, o meu amor, pelos espaços, Fumo leve que foge entre os meus dedos!

-Florbela Espanca-

quarta-feira, 12 de março de 2014

A fuga do louco


— A vida é uma só! só ó  ó
Grita o louco duma montanha...
Ecoando por todos os lados,
Ele é feliz, porque pode subir numa montanha e gritar,
Pode tropeçar num cachorro ferido, e o curar,
Pode até mesmo pular dali pra ninguém chorar,
Esboça um sorriso pro vento,
Cantarola cantigas de ninar,
Saltita em passos largos e dançantes,
Para a boca pra chuva, ruiva no luar.
Ele é feliz porque não sabe seu nome
Tem todo o espaço, todo o lugar,
O tudo e o nada são seus!
Então joga a bermuda fora
Senta em cima do formigueiro,
Domina um cavalo negro, cai!
Puxa o tatu do buraco de cobra
Adormeceu.

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