Os dias são outonos: choram...choram... Há crisântemos roxos que descoram... Há murmúrios dolentes de segredos... Invoco o nosso sonho! Estendo os braços! E ele é, o meu amor, pelos espaços, Fumo leve que foge entre os meus dedos!

-Florbela Espanca-

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Solo Plano

Parem de me vigiar, por favor!
Ceguem esses olhos vidrados, olhem para si,
Deixem que fluam minhas ações espontâneas,
Preciso fechar os olhos por um instante,
Sem que isso me constranja.
Você me completa até transbordar,
A sobra; embriaga meus sentidos
Em comportamentos transparentes e inflamáveis
Chega gato! Esfrega o rabo e some.
Ai de mim que não posso fugir de minha sombra,
Que convivo com estranhos que julgam me conhecer...
Diz, se no final mascar a corsiva não teve mais sabor;
Do que bulinar o charque velho e salgado...
Quando terminar isso enfie-me uma faca devagar,
Leia as plaquetas antes que se juntem ao chão
Veja se te convencem do meu amor
A que preço se misturam com a terra,
Com que apreço beijam o teu solo plano.

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