Os dias são outonos: choram...choram... Há crisântemos roxos que descoram... Há murmúrios dolentes de segredos... Invoco o nosso sonho! Estendo os braços! E ele é, o meu amor, pelos espaços, Fumo leve que foge entre os meus dedos!

-Florbela Espanca-

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Ocre e Oco

Em Acapulco pegue o trem catapulta,
Caia aqui sobre os meus pés pequenos,
Vou tentar tocar blues no seu pandeiro.
Você não pode voar entre meu abismo.
É uma ordem. Não, eu bem sei que...
Deus! Eu dormiria no teu cabelo...
O piolho magrelo do teu cabelo!
Fique quieto por aqui.
Vês que sou casa na árvore do teu baobá?
Mas baobá não precisava de casa nenhuma,
Tem magnificência própria, não és madeira morta,
 — Mas, Deus!
Venha comer macaúba no meu pé?
Eu bem me banharia no teu oco ocre
Poço de... Que gosto tem água de baobá?
De baba? de nada? de coco?
— De coco!
Gole, gole, gole, socooorro!
Alguém pode me ouvir? Bálsamoooo? mooo ooo ooow
Kau-W au-A-Mahum
E assim o Deus me afogou no seu ocre oco.

0 comentários :

Postar um comentário